sexta-feira, 26 de abril de 2024

NOTA DE ESCLARECIMENTO

Em virtude de algumas notícias falsas veiculadas nas redes sociais sobre a minha pessoa, venho por este meio esclarecer que não correspondem à verdade.

Em primeiro lugar, cheguei a Portugal no voo da TAP, no passado dia 23 de Abril, na companhia da minha filha.

Em segundo lugar, em momento algum me foi retirado o passaporte nem fui impedida de viajar por nenhuma entidade, muito menos pelo Presidente da República Umaro Sissoco Embaló.

Em terceiro lugar, o Presidente da República jamais ameaçou retirar-me a casa, até porque ele sabe muito bem que essa casa é propriedade familiar e não minha casa particular.

Por último, contrariamente ao que também vem sendo veiculado, a minha filha, Mouna Omar Sissoco Embaló, não é adoptada, mas sim biológica. Mas não darei mais detalhes sobre este assunto, pois só me competem a mim e ao pai da minha filha, enquanto pais biológicos que ambos sabemos que somos.

Em circunstâncias normais, eu não teria porque fazer nenhum esclarecimento à cerca da minha vida privada, mas para evitar mais especulações, vindas sobretudo de pessoas que nada sabem da minha vida e com as quais não tenho nenhum contacto nem pretendo ter, fica aqui o esclarecimento público para os interessados.
Futuramente, verifiquem bem as vossas fontes antes de divulgar notícias falsas.
Suzi Barbosa

Historiador Julião Soares Sousa: “INDEPENDÊNCIAS DAS COLÓNIAS PORTUGUESAS DE ÁFRICA FORAM A CONSEQUÊNCIA DA REVOLUÇÃO DOS CRAVOS EM PORTUGAL”

 

O especialista em história contemporânea e investigador do Centro de Estudos Interdisciplinares da Universidade de Coimbra (CEIS20), Julião Soares Sousa, afirmou que as independências das colónias portuguesas de África, sem sombras de dúvidas, foram uma consequência da revolução dos Cravos em Portugal.

“Mas também não sei até que ponto a Proclamação do Estado da Guiné-Bissau, feita solenemente a 24 de Setembro de 1973 em Boé teria influenciado a queda do regime em Portugal. Penso que terá tido alguma influência e, por conseguinte, influenciado a própria independência das outras colónias. É que a partir do momento em que há uma proclamação unilateral que concitou o apoio de mais de 80 países em poucos dias, houve uma alteração profunda na relação de forças”, explicou o historiador guineense doutorado na história contemporânea, respondendo a questão sobre a influência da revolução dos Cravos na independência das colónias de Portugal, em África. 

O historiador guineense que vive em Portugal foi convidado a debruçar sobre a influência da revolução de 25 de abril de 1973, em Portugal, nas independências das colónias portuguesas em África, como também as ilações que se podem tirar deste ato histórico que contribuiu para a implementação da democracia em Portugal.

O Democrata (OD): A Revolução de 25 de Abril, conhecida como a Revolução dos Cravos, que derrubou o regime fascista instalado desde 1933 em Portugal, abriu caminho para a implementação do regime democrático. Pode explicar-nos de forma detalhada o nascimento deste movimento de capitães que rumores indicam ter sido na Guiné-Bissau?

Julião Soares Sousa (JSS): O chamado movimento dos capitães ou Movimento das Forças Armadas (MFA) que estaria por detrás da Revolução dos Cravos em Portugal começou como um levantamento corporativo de oficiais e milicianos que, grosso modo, tinha participado nas campanhas militares nas colónias em África e que reivindicavam os seus direitos corporativos. Havia também o tempo de contagem do Serviço militar em Campanha e a questão remuneratória. Tinham sido publicados vários diplomas (a Lei do Serviço Militar 2135 de 11 de Julho de 1968; decretos-lei n.º 353 e n.º 409, de julho e agosto de 1973, respetivamente) que visavam atenuar a falta de homens que as campanhas de África exigiam.

Nem mesmo a posterior suspensão dos decretos pelo regime de Marcello Caetano foi suficiente para frenar a marcha em direção à deposição do regime. Isso despoletou uma série de reuniões clandestinas que culminariam com a criação do MFA e com o advento da Revolução. Os revoltosos pretendiam também o fim das guerras coloniais, a democratização e a criação de vários órgãos como a Junta de Salvação Nacional e mais tarde, depois da consolidação da Revolução, de um Governo Provisório.

A Guiné seria um palco importante nessa contestação ao regime, sobretudo quando em junho de 1973, o regime de Marcello Caetano decidiu organizar um Congresso dos Combatentes no Porto, com o intuito de amealhar o apoio dos militares à sua política colonial. Mais de 400 combatentes portugueses estacionados na Guiné contestaram a realização do referido Congresso e chegaram mesmo a enviar um telegrama ao congresso. Muitos combatentes (do quadro) tentaram inscrever-se de forma a forjar outras conclusões do Congresso e foram proibidos. Creio que isso teria sido também um elemento detonante. Havia já uma convicção dos militares portugueses nas colónias, sobretudo na Guiné de que a guerra não tinha solução militar, mas política. Essa contestação veio pôr a descoberta a fraqueza do regime e a vulnerabilidade em que se encontrava, quer em Portugal, quer nos espaços de colonização portuguesa em África, mormente na Guiné-Bissau.

OD: É verdade que as pesadas derrotas ou mortes de tropas portuguesas nos campos de batalha na Guiné, em Moçambique e em Angola motivaram essa revolta de soldados?

JSS: A situação militar no terreno não era a mais favorável para o exército colonial português. Na Guiné, entre 1972 e 1973 tinha-se agravado irremediavelmente com a introdução, por parte do PAIGC, de meios militares cada vez mais sofisticados com os “Grad” e os “Strella”. Tinha-se chegado a um ponto de não retorno, com o exército colonial português praticamente remetido a uma situação defensiva.

A dureza da guerra pode ter sido uma outra detonante, face à rigidez do regime que desde há muito vinha sendo contestado a nível doméstico, em Portugal, umas vezes visivelmente outras subterraneamente/clandestinamente.

OD: Qual é a influência da Revolução dos Cravos nas independências dos países africanos de língua oficial portuguesa?

JSS: Penso que já respondi a esta pergunta algures.

OD: A Guiné-Bissau proclamou unilateralmente a sua independência em 24 de setembro de 1973, mas foi reconhecida pelo governo português a 10 de setembro de 1974. Pode-se afirmar que a Revolução dos Cravos influenciou a independência dos países africanos, dado que todos obtiveram a independência depois deste acontecimento histórico?

JSS: Sim, em parte as independências das colónias portuguesas de África foram uma consequência da Revolução dos Cravos em Portugal, sem sombra de dúvidas. Mas também não sei até que ponto a Proclamação do Estado da Guiné-Bissau, feita solenemente a 24 de setembro de 1973 em Boé teria influenciado a queda do regime em Portugal, penso que terá tido alguma influência e, por conseguinte, influenciado a própria independência das outras colónias. É que a partir do momento em que há uma proclamação unilateral que concitou o apoio de mais de 80 países em poucos dias, houve uma alteração profunda na relação de forças.

Mais tarde ou mais cedo os outros movimentos iam seguir o mesmo passo dado pelo PAIGC na Guiné. Com a Revolução dos Cravos, a situação da independência tornou-se praticamente inadiável. Relembro, contudo, que, quando foi das negociações para a independência da Guiné, as duas delegações, a portuguesa e a do PAIGC, tiveram uma acesa discussão sobre a data em que essa independência deveria ocorrer.

O PAIGC sugeria que fosse no dia 12 de Setembro de 1974 que era a data do nascimento de Amílcar Cabral. Portugal recusou a proposta, talvez por ser uma data simbólica para o PAIGC e ao invés sugeriu que fosse no dia 10 de Setembro. A partir daí não foi possível evitar as negociações com os movimentos de libertação de Angola e de Moçambique. Os processos de independência não foram lineares.

OD: Como eram as colónias de Portugal antes de 25 de abril e o que mudou depois da chamada Revolução dos Cravos?

JSS: Bom, as colónias de Portugal em África eram territórios profundamente amordaçados. Não havia liberdade de criação de partidos. Aliás mesmo em Portugal os partidos da oposição que haviam estavam todos na clandestinidade. Havia discriminação racial e exclusão da grande maioria da população da cidadania e do gozo de direitos civis e políticos. Havia igualmente, a exploração da mão-de-obra, trabalho forçado, que apesar das reformas que o regime colonial tentou promover foram apenas cosméticas. No caso concreto da Guiné, o próprio Spínola, que foi Governador da então “província” ultramarina, chegou a afirmar que a subversão local se aproveitou muito dessas condições objetivas e subjetivas que enumeramos acima. É evidente que a mudança operada e que deve constituir motivo de orgulho para todos nós é que se conquistou a independência.

Apesar disso, são ainda inúmeros os problemas e os obstáculos a enfrentar. Por exemplo, atacar a pobreza extrema, a exclusão social, resolver a questão do emprego jovem, fixar as populações localmente através da geração de empregos, construir infraestruturas rodoviárias que integrem o país e as ligações com os países vizinhos; apostar seriamente na formação de quadros e tentar fixá-los no nosso país, melhoria das condições salariais, entre outras muitas coisas. Se não formos capazes de fazer isso teremos o nosso sonho de desenvolvimento posto em causa por muitas gerações. Porque neste mundo a competição pelos quadros e pela mão-de-obra é cada vez maior. Se não soubermos gerar as condições para competir estaremos irremediavelmente perdidos.

OD: Há quem diga que a Revolução de 25 de abril foi apenas um pretexto para salvar a pele dos portugueses e não dos cidadãos dos países dominados. Concorda com essa narrativa?

JSS: Não acredito nessa narrativa. Vale a pena lembrar que a guerra colonial em três frentes de batalha (Guiné, Angola e Moçambique), principalmente na Guiné, também pesou nessa equação. Havia militares portugueses a combater nessas três frentes de guerra que estavam cansadas da guerra em África e para os quais os sacrifícios que estavam a ser consentidos em África não se justificavam.

No processo da Revolução em Portugal, muitos dos militares que tomaram parte no movimento das Forças Armadas estiveram ou passaram pela Guiné. Assim sendo, experimentaram as agruras da guerra num terreno considerado difícil. Se se tiver em conta que um dos objetivos da própria revolução era a democratização do país, então não se percebe como seria possível democratizar sem descolonizar. As colónias foram e eram uma autêntica pedra no sapato do regime colonial. E sê-lo-iam para qualquer regime, incluindo o democrático. Por isso devemos estabelecer sempre uma ligação entre a Revolução, a Democracia e a Descolonização.

OD: Que ilações se podem tirar dos 50 anos depois desta revolução, sobretudo para os países como a Guiné-Bissau em que se fala de mãos ocultas dos militares na administração do país?

JSS: Considero que os países africanos estão a fazer o seu percurso. Os processos de independência não são fáceis. As próprias revoluções que visam a transformação radical das estruturas coloniais e o advento de novas estruturas são processos complexos. Mesmo em Portugal houve muitos problemas depois da Revolução dos Cravos até o país se estabilizar e ter o sistema democrático que hoje constitui um dos alicerces da estabilidade do país. Então se olharmos para o passado de Portugal também houve momentos de instabilidade que duraram anos.

Estou a pensar por exemplo na situação pós-Revolução Republicana de 1910. Não quero com isso dizer que a instabilidade é uma fatalidade. Não, não é e não deve ser um estigma. O que importa é que haja consensos nacionais alargados para que não se perca a oportunidade de alicerçar o nosso sistema político democrático e assente no parlamentarismo e vontade política para elevar as condições de vida material das populações. Acho que todos somos responsáveis nesse processo de construir um país em que impere a irmandade, a paz e o progresso que foi um dos lemas, se se quiser, da luta de libertação nacional.

Por: Assana Sambú

Conosaba/odemocratagb

Diretor da PRCM, Hamed Sinhore considera positivo 11ª Edição de Fórum Regional Costeira Marinho de Bissau

 

Agricultura. GUINÉ-BISSAU TEM CONDIÇÕES DE FAZER TRÊS COLHEITAS DE ARROZ POR ANO

O diretor-geral de Agricultura disse que o país tem condições de fazer três colheitas de arroz por ano através de caudais de rio Corubal e rio Geba.

Júlio Malam Injai que falava no seminário de consulta estratégica para elaboração do novo quadro de programação por país da FAO, diz que só com o vale do rio Geba, o país poderia produzir o arroz para consumo e vender

“ Só com o vale de rio Geba- conta com cerca de 25 mil hectares de terras arravéis- poderíamos produzir o arroz e dar os guineenses de comer e vender mas, infelizmente, até hoje estamos a patinar e não se conseguiu cumprir o legado de Cabral”, diz acrescentando que o país tem que investir seriamente no ordenamento hidroagrícola com a criação de condições de irrigação e escoamento de água para produzir o arroz na época seca suficiente para poder exportar. A Guiné-Bissau tem condições de fazer três colheitas de arroz por ano (..) porque é na agricultura que existe maior riquezas que são recursos renováveis em detrimento do petróleo ou diamante”.

Mas, tudo isso não aconteceu por falta de investimentos para o setor agrícola o que motivou o país a importar mais de 155 mil toneladas de arroz anualmente, apesar das condições naturais de que o país dispõe. “ O país importa mais de 155 mil toneladas de arroz anualmente, cerca de 5 mil toneladas de carnes frangos sem contar com cebolas. São todos os aspetos que podíamos ter resolvido no país porque temos as condições naturais e propícias para poder criar uma sustentabilidade em termos alimentares, o que falta são os investimentos”.

O responsável sublinhou que têm em manga um projeto só para o produção de arroz num valor de 300 mil milhões de francos cfa, cujo destino era para ordenar 15 mil hectares de terra e produzir arroz para fazer colheita três vezes por ano.

“ Com essas condições, estariamos a exportar o arroz sem estar a pensar na rotura deste cereal que é a base alimentar do povo. Não podemos admitir a Guiné-Bissau importar cebolas de Senegal, devia ser o contrário, porque o país tem melhores condições naturais do que o país vizinho, portanto, não há razão para estar a importar cenouras, cebolas, repolhos de outra parte do mundo”, afirmou o responsável.

De referir que este projeto é do conhecimento do governo, como disse o diretor-geral.

Por. Nautaran Marcos Có/radiosolmansi com Conosaba do Porto

Pedro Pires: "Há um antes de 25 de Abril e um depois do 25 de Abril"

Pedro Pires, antigo presidente de Cabo Verde. © Liliana Henriques / RFI

O 25 de Abril abriu uma nova era para Portugal, mas também para as suas antigas colónias em África com as quais o regime salazarista estava em guerra havia mais de 10 anos. Poucos meses antes, a Guiné-Bissau tinha declarado unilateralmente a sua independência, mas a luta não tinha totalmente terminado. Portugal não tinha reconhecido a Guiné-Bissau como Estado livre.

Para Pedro Pires, antigo presidente de Cabo Verde e um dos líderes da luta de libertação da Guiné e de Cabo Verde no seio do PAIGC, o 25 de Abril foi um marco importante para Portugal mas também para a descolonização ao abrir o caminho para a negociação.

"O 25 de Abril é dos acontecimentos históricos mais importantes que tiveram lugar em Portugal no século XX. Porque eu vejo nas minhas reflexões há um antes de 25 de Abril e um depois do 25 de Abril. Não será o primeiro caso, mas é o caso mais importante da história política de Portugal. No 25 de Abril, eu pessoalmente era membro da direcção do PAIGC e acompanhamos com muito interesse os acontecimentos, mas os acontecimentos não foram uma surpresa para nós, porque sabia-se que Portugal estava mergulhado numa grande crise, numa crise militar, numa crise política, numa crise económica e financeira, causados pela guerra colonial. Veja um caso interessante para se ter em conta que o chefe de Estado maior é o chefe adjunto do Estado-maior entraram em conflito com o poder político, com o Presidente da República e com o Governo nessa altura. Francamente, eu penso que o Governo e as outras instituições do Estado tinham perdido legitimidade e credibilidade. Portanto, estava aberto o caminho para uma mudança do regime" começa por considerar o antigo Presidente de Cabo Verde.

Para Pedro Pires, a guerra de descolonização então vigente havia mais de uma década e, em particular, os acontecimentos na Guiné-Bissau que tinha acabado de declarar unilateralmente a sua independência em Setembro de 1973 após derrotar o exército português no teatro de guerra, contribuíram para precipitar o 25 de Abril.

"Facilitaram, até porque muitos oficiais que lideraram o golpe de Estado de 25 de Abril tinham passado pela experiência da Guiné. Mas não só a experiência militar, mas também a experiência política. Porque o PAIGC era um caso especial do ponto de vista político e depois do ponto de vista militar. A guerra estava perdida na Guiné. Estava perdida e isso é reconhecido pelos historiadores militares portugueses, não estou a exagerar em nada. Com a introdução no teatro da guerra dos Mísseis Antiaéreos Estrela dois, o exército colonial perdeu a vantagem tecnológica que tinha sobre nós e criaram-se as condições para nós, do lado do PAIGC, conseguirmos novas vitórias e colocarmos o exército colonial numa situação extremamente complicada, que podia conduzir ao seu colapso, reconhecido até pelo Chefe de Estado-Maior e pelo Chefe de Estado-Maior Adjunto e por outros oficiais. Na verdade, a guerra na Guiné, as vitórias do PAIGC foram um factor que eu chamaria da aceleração da mudança de regime em Portugal e, diria mais, de aceleração da história política portuguesa", considera o antigo Chefe de Estado.

Paralelamente, Pedro Pires julga igualmente que os jovens oficiais que protagonizaram o 25 de Abril contribuíram para também mudar o rumo da descolonização. Com efeito, pouco depois da revolução, encaminharam-se negociações entre os representantes do PAIGC e as novas autoridades portuguesas para estabelecer as modalidades da descolonização.

Apesar de esta perspectiva não ser uma evidência para todos em Portugal, nomeadamente o Presidente designado logo depois do 25 de Abril, António de Spínola, que preconizava a realização de um referendo sobre o futuro político da Guiné-Bissau e de Cabo Verde, Pedro Pires considera que os oficiais mais jovens que lideraram o 25 de Abril pesaram de forma positiva no desenrolar das conversações.

"O 25 de Abril é um momento de ruptura em que fica para trás a política colonial e abrem-se as condições para uma nova política baseada na negociação com os movimentos de libertação. Essa é a grande mudança. Os líderes, particularmente os oficiais mais jovens. Não me refiro ao general Spínola, que não estava a facilitar as negociações, Mas os líderes mais jovens da revolução do 25 de Abril tiveram um papel importante nas negociações e tiveram uma visão mais inteligente, mais lúcida da situação e aceitaram a descolonização. Dois Aceitaram o diálogo com os movimentos de libertação. Portanto, a liderança jovem do 25 ou 25 de Abril em si, serviu para abrir as condições políticas para uma solução política das guerras. Portanto, também foi de grande importância para a facilitação e aceleração do processo que conduziu as negociações e a independência das antigas colónias. O papel importante do 25 de Abril foi de ter substituído a política colonial por uma nova política, chamemo-la a política do diálogo e da descolonização. Esse é o papel importante dos líderes e dos governantes do pós 25 de Abril. Nós devemos, eu acho, reconhecer-lhes esse mérito. Primeiro, o mérito da audácia. Veja a audácia dos oficiais que decidiram pela ruptura, em vez de continuar com o status quo, a mesma política e a mesma retórica política. Rompem com a retórica colonialista e abrem novas perspectivas. Vejamos nisso a lucidez, a inteligência e a coragem dos líderes da revolução do 25 de Abril" conclui o antigo líder independentista da Guiné e de Cabo Verde.

Um ano depois de ter declarado unilateralmente a sua independência, a Guiné-Bissau foi reconhecida como Estado soberano em virtude dos acordos de Argel concluídos em Agosto de 1974. No âmbito destes acordos, foi igualmente reconhecido o “direito do povo de Cabo Verde à autodeterminação e independência”. Uma independência efectivamente alcançada um pouco menos de um ano depois, em Julho de 1975.

Por: Liliana Henriques
Conosaba/rfi.fr/pt/

Diabete. O AUMENTO DOS CASOS NA GUINÉ-BISSAU É PREOCUPANTE E É UM FATOR DA ALTA TAXA DE MORTE


A Associação Nacional de Defesa dos Diabéticos (ANDD) denunciou, hoje, o aumento dos casos de diabetes na Guiné-Bissau a que se considera preocupante, uma vez que é um fator da alta taxa de morte.

O médico especialista em Medicina-Geral e Integral e igualmente Nefrologista, Nelson António Delegado, revelou ainda que a cada dia que passa, os casos de diabetes tendem a aumentar numa velocidade acelerada.

“Os casos de diabetes estão a aumentar cada dia que passa no mundo e em particular a Guiné-Bissau que é um país frágil principalmente numa velocidade tão acelerada nas crianças, adolescentes, jovens e adultos o que torna a situação preocupante ainda para resolver no país”, lamentou o médico em medicina geral.

A denúncia foi tornada pública à Rádio Sol Mansi pelo presidente desta organização, numa entrevista esta quinta-feira, sobre a situação dos casos de diabetes na Guiné-Bissau.

Em relação aos medicamentos de tratamento desta doença, o presidente da Associação Nacional de Defesa dos Diabéticos disse que o país continua a deparar com falta de medicamentos principalmente de insulina.

“Sabemos que o nosso país não está bem organizada em temos problema de medicamentos que ajudam a curar a doença de diabete como insulina que é um dos pilares de tratamento desta doença, e que é comercializado no preço mais caro a população o que leva na morte primatura”, disse Nelson António Delgado.

Nelson António Delgado aconselha a população a evitar muito consumo de sal e açúcar e os convida também a aceitar fazer teste de sangue para medir o açúcar no sangue que é recomendada a fazer a cada ano.

A Associação Nacional de Defesa dos Diabéticos mostra também que a grande dificuldade que se depara neste momento, é que os guineenses rejeitam fazer teste desta doença devido a vergonha.

Atualmente, a Guiné-Bissau ainda não existem dados publicados sobre a prevalência da Diabetes mellitus tipo 2. Em 2014, a FDI estimou uma prevalência da mesma de 3.32%, baseando-se nos estudos realizados nos países vizinhos (International Diabetes Federation, 2013).

Por: Marcelino Iambi/tadiosolmansi com Conosaba do Porto

OPINIÕES Opinião: ANDRÉ VENTURA – O VILÃO PORTUGUÊS E SOBREVIVENTE FASCISTA OFUSCADO PELA DEMOCRACIA

“Pagar o quê? Pagar a quem? Se nós levámos mundos ao mundo inteiro. 

Se hoje em todo o mundo se elogia a pátria e o mundo da língua portuguesa”, são as baboseiras vomitadas por André Ventura, líder do Chega, no seu discurso na cerimónia de comemoração dos 50 anos da revolução de 25 de abril, um evento histórico que trouxe a liberdade e a democracia ao oprimido povo português.

O vilão Ventura criticava o presidente Marcelo que, numa entrevista, reconheceu que o seu país cometeu erros durante o período da colonização e, por isso, devia pagar ou indemnizar os países africanos. Chega é uma formação política com 50 assentos na Assembleia da República de Portugal, representando mais de um milhão de portugueses, o que por si só é preocupante, demonstrando desta forma o crescimento do sentimento de racismo e ódio na sociedade portuguesa, para com os imigrantes, particularmente os africanos.

É verdade que cada povo deve orgulhar-se da sua história, particularmente das vitórias e conquistas feitas pelos seus antepassados. A grande verdade é que a história ou olegado deixado pelos colonialistas portugueses na África ou noutros cantos do mundo não é uma coisa que deve ser aplaudida ou narrada publicamente, porque a história da colonialização é nada mais que a escravidão, violência e pilhagens.

Quero através destas pequenas linhas que fiz sobre as baboseiras vomitadas pelo vilão e racista Ventura, dizer-lhe que os seus antepassados não trouxeram nada para a África e até porque, é do conhecimento de todos, que Portugal é dos colonizadores europeus mais pobres, razão pela qual não conseguiu conservar vários colonias que assaltaram primeiro, em detrimento da França, Alemanha e Inglaterra.

É tolice ou orgulho barato afirmar publicamente que os portugueses trouxeram alguma coisa para as suas colónias. A única coisa que trouxeram foi a cultura e sobretudo a língua que nos impuseram.

Sr. Vilão Ventura, seus pais fizeram “djambadon” de saques das nossas riquezas e de objetos históricos, infelizmente, não lhe contaram isso e nem o inscreveram na vossa história. Traficaram pessoas. Melhor, venderam homens e mulheres africanos.

Infelizmente, foram vocês (colonizadores) que escreveram a história na qual narraram que descobriram a África e trouxeram a civilização. Foi essa história que nos contaram e é esta história que continua a narrar aos vossos filhos, netos e bisnetos.

Não contaram nos seus livros de ouro lido pelo Vilão Ventura, que a colonização portuguesa é das mais violentas registradas. Não contaram que nos saquearam, violentaram-nos e separaram-nos (indígena e civilizado) durante 500 anos.

Sr. Vilão Ventura racista, não exigimos e nem pedimos indemnizações ou pagamentos pela escravidão a que os seus pais nos submeteram ao longo de 500 anos, mas a única que eu, particularmente, te peço é que seja honesto consigo próprio, pelo menos uma única vez na sua vida, venha ao público e peça perdão de joelhos, às ex-colónias portuguesas de África e do outro canto do mundo pelos saques e violência que os seus antepassados fizeram em nome da colonialização.

Pode-se dizer que o presidente Marcelo traiu os portugueses (?), mas nós, vítimas da colonialização, agradecemos-lhe pela honestidade histórica de reconhecer que a escravidão e pilhagens feitas nas colónias foram um crime cometido pelos seus antepassados e que se envergonhem por disso.

Por: Assana Sambú, jornalista
Conosaba/odemocratagb